segunda-feira, 3 de maio de 2010

Informativo Eletrônico Voz Ativa - MAIO

O Instituto Voz Ativa iniciará no final deste mês o Cursinho Popular preparatório para o Vestibular e Concurso Público. Conseguimos muitas doações, inclusive cadeiras universitárias acolchoadas novas, mas continuamos preocupados com o pagamento do aluguel. Não temos ainda sede própria e ficamos mês a mês com esta responsabilidade para ser honrada.

Por isso iniciamos a campanha:

"ADOTE UM ESTUDANTE", que é uma pequena contribuição de R$ 32,00 para pagarmos o aluguel e mantermos nossas atividades: Videoteca, Biblioteca, Orientação Jurídica gratuita, Curso de Inglês, entre outras atividades. E agora iniciaremos o Cursinho Popular.

Clique aqui e conheça o projeto do Cursinho Popular. Contamos com a sua colaboração. Já temos: cadeiras, lousas, professores, biblioteca, videoteca e mais: nossa força de vontade de continuar a fazer alguma coisa para mudarmos nossa dura realidade, mas podemos ficar SEM TETO a qualquer momento, por isso, NOS AJUDE!

SE QUISER ADOTAR UM ESTUDANTE ENTRE EM CONTATO CONOSCO QUE LHE ENVIAREMOS OS BOLETOS PARA CONTRIBUIÇÃO MENSAL DE R$ 32,00

Atenciosamente,

INSTITUTO SÓCIO-CULTURAL VOZ ATIVA


Outras formas de contribuir!

Cursinho Popular Pré-Vestibular VOZ ATIVA


Apresentação

“É fundamental diminuir a distância entre

o que se diz e o que se faz, de tal forma que,

num dado momento, a tua fala seja a tua prática.”

Paulo Freire

Vivemos numa sociedade marcada pela reificação (coisificação) da vida e de todas as formas de conhecimento. Este conhecimento - que deveria servir para aumentar as chances de indivíduos, famílias e comunidades para alcançarem boas condições de vida - em nosso país está concentrado, monopolizado por e para uma minoritária parcela da população. Esta sociedade tem a maioria de sua população apartada dos benefícios criados pela civilização, em meio ao cotidiano desigual e fragmentado conseqüência de uma ordem social perversa.

Uma maneira de contestar e libertar o potencial transformador e criativo da educação está em promover em rede sua criação, difusão e multiplicação. A mercantilização da cultura, do saber e da ciência exclui a maior parte da sociedade brasileira e mundial do acesso ao que a humanidade produziu de melhor. Acreditamos na escola pública, mas esta deve ser reinventada para que seja um instrumento de transformação da pessoa em sujeito histórico capaz de mudar o mundo e produzir felicidade.

Uma sociedade onde o saber seja direito de todos, que de fato se ensine e se aprenda com prazer e alegria. Para isso precisamos de pessoas que juntas não se entreguem e lutem por uma outra maneira de viver, sonhar e desejar. Com isso poderemos transformar nossos sonhos em realidade.

Objetivos Gerais:

Implantaremos um Cursinho Popular numa região periférica de Campinas (Campo Grande), que ajude estudantes carentes provenientes da escola pública a se prepararem para vestibulares, em especial os das Universidades Públicas.

Inicialmente as aulas serão ministradas aos sábados em período integral, também contaríamos com oficinas de redação e exibição de filmes e outras atividades extra-classe aos domingos na sede do Instituto Sócio-Cultural Voz Ativa (CNPJ - 10.916.904/0001-15). Pretendemos que no ano de 2011, avancemos para aulas durante a semana no período noturno.

Outro objetivo da implantação do Cursinho Popular é envolver a comunidade e fazer com que haja seu “empoderamento”, já que trabalharemos com o saber e o conhecimento crítico. Há um ditado popular que diz: “saber é poder”, e não por acaso, este saber crítico sempre foi negado a uma enorme parcela de nossa população.

O Cursinho Popular contribuirá para a melhoria da qualidade da educação brasileira, pois permitirá um contato direto dos estudantes universitários com realidades concretas de uma perifeira de uma grande região metropolitana como a de Campinas. Isto possibilitará odesenvolvimento de conhecimentos e aprendizados mais palpáveis para sociedade atual. Este será um espaço de troca de saberes acadêmicos e populares, como nos ensnou Paulo Freire em seus escritos que defendia que o povo na luta cotidiana pela sobrevivência foi capaz de forjar conhecimentos, saberes e aprendizados, que devem ser considerados e valorizados enquanto tal, que não é um vaso vazio, que "não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes".



Objetivos específicos:

Em nossas aulas queremos qualificar o discurso e a ação em relação à defesa do ensino público e gratuito em todos os níveis e a luta pelo livre acesso à educação, pois somente assim podemos forjar sujeitos conscientes de seu papel na sociedade, que atuem em rede e percebam seu poder de mudança.

Além disso, queremos apoiar e estimular a criação de cursos populares comprometidos com a transformação social e o pensamento crítico, voltado para os alunos formados no ensino público.

Acreditamos que o acesso a uma educação pública e de qualidade permite a inclusão social e isso faz muita diferença num país como o Brasil, rico, mas com gritantes desigualdades sociais e com as piores taxas de distribuição de renda e riqueza no mundo.

Por outro lado, queremos promover e fomentar o diálogo entre universidade e sociedade. A maioria do conhecimento e produto produzidos nas Universidades Públicas é orientada a atender interesses privados de grandes transnacionais e bancos ao invés de ajudar na construção de um projeto popular para o Brasil que atenda interesses da maioria da população. Com a democratização, estaremos promovendo os direitos humanos e a democracia e cidadania popular.

Queremos também capacitar pessoas que por motivos sócio-econômicos não tiveram ou não tem condições de investir numa preparação adequada para ingressar numa universidade. Visando também sua permanência de maneira engajada e crítica, proporcionando o surgimento de cidadãos conscientes nas comunidades e universidades, isto é, não apenas ensinando-os sistematicamente o conteúdo ensejado pelos vestibulares, mas também criticamente, estimulando debates sobre temas atuais.

Orçamento:

Para a execução plena do projeto proposto pensamos no projeto “Adote um estudante” que significa o custeio do aluguel para mantermos as atividades já desenvolvidas e o avança na construção do Cursinho Pré-Vestibular, inclusive porque acreditamos ser seu interesse em nos ajudar a garantir a manutenção destes estudantes carentes, oriundos de escolas públicas em sala de aula:

Estrutura que já temos:

Já temos boa parte da estrutura para a realização do Cursinho Popular Pré-Vestibular:

  • 25 cadeiras universitárias, investimento feito: R$ 2.542,00 (doação)

  • tela de projeção retrátil para projetor multimídia: R$ 329,00 (doação)

  • cozinha estruturada (pia, fogão, geladeira): R$ 500,00 (com parte doada)

  • Videoteca com acervo de 700 títulos diversos

  • Biblioteca com acervo de mais de 1 mil exemplares

Para mantermos as atividades necessitamos pagar o aluguel de duas salas, com banheiros, no valor de R$ 800,00 e para isso contamos com doações para nosso projeto, sendo sua utilização descrita abaixo:

  • Sala 1: funciona nossa Biblioteca, Videoteca e a Inclusão Digital, com 6 (seis) computadores em rede;

  • Sala 2: Sala para as aulas do Cursinho Popular Pré-Vestibular que comporta 25 estudantes;

Portanto, cada estudante precisará de um investimento mensal de R$ 32,00.

Sabemos que para mudar nosso país devemos exigir que o Estado investisse de forma eficiente nossos impostos, mas podemos também, cada qual ajudar com aquilo que conhece e com aquilo que confia.


Justificativa:

Agora, eu, eu sei como tudo é: as coisas que acontecem,

é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar,

no sabugo da unha;e com feito tudo é grátis quando

sucede, no reles do momento.

A opinião das outras pessoas vai se escorrendo delas,

sorrateira, e se mescla aos tantos,

mesmo sem a gente saber,

com a maneira da idéia da gente

(Grande Sertão Veredas. Guimarães Rosa)


A implantação de cursos pré-universitários possibilita à juventude um espaço inovador de debates, criação e recriação do saber acerca do mundo e da vida. Pretendemos que cada matéria seja dada de forma interdisciplinar para que o estudante compreenda de forma profunda o porquê do estudar e do aprender. Que priorize a discussão, elaboração e sistematização coletiva e em rede de do conhecimento para que ele possibilite a emancipação.

Os professores serão em sua maioria estudantes universitários. A arregimentação destes professores possibilitará muitas interações positivas: fará com que o conhecimento gerado na educação superior cumpra sua função social, possibilitará espaço de formação docente para àqueles jovens que querem formar-se e seguir carreira docente, estimulará o desenvolvimento social e o espírito crítico destes estudantes e os prepare para uma atuação profissional pautada na cidadania e na participação popular.

Queremos reforçar a função do estudante universitário que assumirá o papel de educador: esta possibilidade de lecionar na periferia para estudantes carentes, possibilitará a ele descobrir-se com sujeito histórico que atua na realidade para ajudar a mudá-la. É um espaço de ação, mas mais do que isso, como dizia Paulo Freire, é um espaço de ensino, mas também de aprendizagem e extensão.


Duros dados de nossa realidade educacional:

É necessário compreender a dimensão do debate sobre educação em nosso país. Para isto reproduziremos alguns dadosi:

Temos 33 milhões de jovens que estudam no ensino fundamental, destes, 90% em escolas publicas. Apenas 8 milhões desses jovens chegam ao Ensino Médio, sendo 87% em escolas publicas, ou seja, estes jovens são apenas 44% do total que deveriam estudar no Ensino Médio;

Sobre o Ensino Universitário temos os seguintes dados:

a) total de estudantes: 4.627 milhões de jovens estão matriculados no ensino superior, o que representa apenas 12% dos jovens deste país - entre 18 e 24 anos há 24 milhões de jovens brasileiros. Jovens universitários na faixa etária de 18-24 anos são 2, 9 milhões. Já temos mais de 100 mil estudantes universitários com mais de 40 anos;

b) a taxa de escolarização no nível universitário baixa para 8% dos jovens no norte e nordeste. No sul e sudeste sobe para 17%;

c) PROUNI: todo ano cerca de 3 milhões de jovens do Ensino Médio fazem o exame ENEM sonhando entrar no PROUNI. Em quatro anos de programa (2003-2006), foi garantido 400 mil vagas em escolas particulares para jovens pobres;

Já sobre a característica das instituições, apenas 30% das vagas são em universidades públicas - sendo 140 universidades e centros de ensino federais - e 70% do ensino superior é privado. Ao analisarmos os dados por unidade de ensino privado, 89% delas trabalham com a definição “com fins lucrativos”. Destas Instituições, 75% são unidades isoladas, portanto faculdades e não universidades. Para piorar, estas estão localizadas nas regiões sul e sudeste, com a maior renda de nosso país.

Sobre a capacidade de atendimento destas unidades, cerca de 70% de todas as vagas de estudantes universitários do Brasil se concentram em instituições com até 1.000 estudantes. E apenas 5% das instituições têm mais de 10 mil alunos.

Quando analisamos em que período está o estudante fica evidente quantos já são obrigados a trabalhar, portanto não conseguem dedicar-se exclusivamente ao estudo: há cerca de 1,8 milhões de estudantes em períodos diurnos, sendo a maioria estão Instituições Publicas. Outros 2,8 milhões de estudantes estão em cursos noturnos, sendo que 2,4 milhões nas Instituições Particulares.

Ao compararmos os estudantes provenientes do Ensino Médio Público e alguns cursos de Faculdades Publicas, temos 87% dos estudantes que fazem Ensino Médio nas escolas públicas, mas apenas 8% entram em Medicina, 19% em Odontologia e 25% em Veterinária.

Quando verificamos o número de professores no Brasil, percebemos que há 354 mil professores com formação adequada aos cursos e grau de ensino que ministram aulas. Há uma demanda de 750 mil professores para atender as necessidades atuais de ensino, portanto, hoje, já temos um déficit de 396 mil professores a serem preparados adequadamente.

Com falta de investimento por falta dos governos, professores mal pagos, salas de aulas deterioradas ou inexistentes em alguns municípios, salas de aulas lotadas – algumas chegam a comportar 50 estudantes - professores sem condições de atualizarem-se, encontramos estudantes que chegam na 8ª série do Ensino Fundamental que mal conseguem ler ou escrever um texto com 2 parágrafos ou resolver as quatro operações básicas. Ou inda estudantes que concluem o Ensino Médio que nem querem prestar vestibular, sentindo-se incapazes de passar nele.

Com estes dados sobre a situação do Ensino Público brasileiro constatamos que o mesmo encontra-se na UTI. Acreditamos que devemos lutar para melhorar como um todo o ensino público de nosso país, até lá vemos nos Cursinhos Populares um paliativo, uma oportunidade de garantir condições aos estudantes provenientes do ensino público, mínimas possibilidades de prestar e passar nos vestibulares, principalmente nas Universidades Públicas.


10 - Grade Horária:

Horário

Sábado

Domingo

8h00 as 9h00

Plantão de dúvidas


9h00 as 9h45

Aula 1

Redação

9h45 as 10h30

Aula 2

Redação

10h30 as 10h40

Intervalo

Redação

10h40 as 11h25

Aula3

Redação

11h25 as 12h10

Aula4

Redação

12h10 as 13h10

Almoço


13h10 as 13h55

Aula 5


13h55 as 14h40

Aula 6


14h40 as 14h50

Intervalo


14h50 as 15h35

Aula 7


15h35 as 16h20

Aula 8


Bibliografia:

i Dados do MEC sobre a educação no Brasil, ano 2006, proferidos no debate sobre a constituição da Universidade Federal da Fronteira Sul, em março de 2009;

sábado, 1 de maio de 2010

Declaração de voto

Voto este ano para presidente da República no candidato decidido a implementar reformas estruturais tão prometidas e jamais efetivadas: agrária, tributária, política, judiciária. E que a previdenciária e a trabalhista não sejam um engodo para punir ainda mais os trabalhadores e aposentados e beneficiar grandes empresas.
Voto em quem se dispõe a revolucionar a saúde e a educação. É uma vergonha o sucateamento do SUS e do ensino público. De 190 milhões de brasileiros, apenas 30 milhões se agarram esperançosamente na bóia de salvação dos planos privados de saúde. Os demais são tratados como cidadãos de segunda classe, abnegados penitentes de filas hospitalares, obrigados a adquirir remédios onerados por uma carga tributária de 39% em média.
Segundo o MEC, há 4,1 milhões de brasileiros entre 4 e 17 anos de idade fora da escola. Portanto, virtualmente dentro do crime. Nossos professores são mal remunerados, a inclusão digital dos alunos é penoso caminho a ser percorrido, o turno curricular de 4 horas diárias é o verniz que encobre a nação de semianalfabetos.
Voto no candidato disposto ao controle rigoroso de emissão de gás carbônico das indústrias, dos pastos e das áreas de preservação ambiental, como a Amazônia. Não se pode permitir que o agronegócio derrube a floresta, contamine os rios e utilize mão de obra desprotegida da legislação trabalhista ou em regime de escravidão.
Voto em quem se comprometer a superar o caráter compensatório do Bolsa Família e resgatar o emancipatório do Fome Zero, abrindo a porta de saída para as famílias que sobrevivem à custa do governo, de modo que possam gerar a própria renda.
Voto no candidato disposto a mudar a atual política econômica que, em 2008, canalizou R$ 282 bilhões para amortizar dívidas interna e externa e apenas R$ 44,5 bilhões para a saúde. Em termos percentuais, foram 30% do orçamento destinados ao mercado financeiro e apenas 5% à saúde, 3% à educação, 12% a toda a área social.
Voto no candidato contrário à autonomia do Banco Central, pois a economia não é uma instância divorciada da política e do social. Voto pela redução dos juros, a desoneração da cesta básica e dos medicamentos, o aumento real do salário mínimo, a redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas.
Voto na legalização e preservação das áreas indígenas, de quilombolas e ribeirinhos, no diálogo permanente com os movimentos sociais e repúdio a qualquer tentativa de criminalizá-los, nas iniciativas de economia solidária e comércio justo, na definição constitucional do limite máximo de propriedade rural.
Voto no candidato convicto de que urge reduzir as tarifas de energia destinada ao consumo familiar e de uso de telefonia móvel. Disposto a valorizar fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica, a dos mares e lixões etc. E que seja contrário à construção de termoelétricas e hidrelétricas nocivas ao meio ambiente.
Voto no candidato que priorize o transporte coletivo de qualidade, com preços acessíveis subsidiados; exija a identificação visível dos alimentos transgênicos oferecidos ao consumidor; impeça a participação e uso de crianças em peças publicitárias; e condene veementemente o trabalho infantil.
Voto no candidato decidido a instalar a Comissão da Verdade, de modo a abrir os arquivos das Forças Armadas concernentes ao período ditatorial e apurar os crimes cometidos em nome do Estado, bem como o paradeiro dos desaparecidos.
Voto em quem dê continuidade à atual política externa, de fortalecimento da soberania e independência do Brasil, diversificação de suas relações comerciais, apoio a todas as formas de integração latino-americana e caribenha sem a presença dos EUA; direito de o nosso país ter assento no Conselho de Segurança da ONU; de repúdio ao criminoso bloqueio dos EUA a Cuba e à instalação de bases militares estadunidenses na América Latina.
Voto, sobretudo, em quem apresentar um programa convincente de redução significativa da maior chaga do Brasil: a desigualdade social. Esse o meu voto. Resta achar o candidato.

Frei Betto
Escritor, é autor de Calendário
do poder (Rocco) entre outros livro