Apresentação “É fundamental diminuir a distância entre
o que se diz e o que se faz, de tal forma que,
num dado momento, a tua fala seja a tua prática.”
Paulo Freire
Vivemos numa sociedade marcada pela reificação (coisificação) da vida e de todas as formas de conhecimento. Este conhecimento - que deveria servir para aumentar as chances de indivíduos, famílias e comunidades para alcançarem boas condições de vida - em nosso país está concentrado, monopolizado por e para uma minoritária parcela da população. Esta sociedade tem a maioria de sua população apartada dos benefícios criados pela civilização, em meio ao cotidiano desigual e fragmentado conseqüência de uma ordem social perversa.
Uma maneira de contestar e libertar o potencial transformador e criativo da educação está em promover em rede sua criação, difusão e multiplicação. A mercantilização da cultura, do saber e da ciência exclui a maior parte da sociedade brasileira e mundial do acesso ao que a humanidade produziu de melhor. Acreditamos na escola pública, mas esta deve ser reinventada para que seja um instrumento de transformação da pessoa em sujeito histórico capaz de mudar o mundo e produzir felicidade.
Uma sociedade onde o saber seja direito de todos, que de fato se ensine e se aprenda com prazer e alegria. Para isso precisamos de pessoas que juntas não se entreguem e lutem por uma outra maneira de viver, sonhar e desejar. Com isso poderemos transformar nossos sonhos em realidade.
Objetivos Gerais:
Implantaremos um Cursinho Popular numa região periférica de Campinas (Campo Grande), que ajude estudantes carentes provenientes da escola pública a se prepararem para vestibulares, em especial os das Universidades Públicas.
Inicialmente as aulas serão ministradas aos sábados em período integral, também contaríamos com oficinas de redação e exibição de filmes e outras atividades extra-classe aos domingos na sede do Instituto Sócio-Cultural Voz Ativa (CNPJ - 10.916.904/0001-15). Pretendemos que no ano de 2011, avancemos para aulas durante a semana no período noturno.
Outro objetivo da implantação do Cursinho Popular é envolver a comunidade e fazer com que haja seu “empoderamento”, já que trabalharemos com o saber e o conhecimento crítico. Há um ditado popular que diz: “saber é poder”, e não por acaso, este saber crítico sempre foi negado a uma enorme parcela de nossa população.
O Cursinho Popular contribuirá para a melhoria da qualidade da educação brasileira, pois permitirá um contato direto dos estudantes universitários com realidades concretas de uma perifeira de uma grande região metropolitana como a de Campinas. Isto possibilitará odesenvolvimento de conhecimentos e aprendizados mais palpáveis para sociedade atual. Este será um espaço de troca de saberes acadêmicos e populares, como nos ensnou Paulo Freire em seus escritos que defendia que o povo na luta cotidiana pela sobrevivência foi capaz de forjar conhecimentos, saberes e aprendizados, que devem ser considerados e valorizados enquanto tal, que não é um vaso vazio, que "não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes".
Objetivos específicos:
Em nossas aulas queremos qualificar o discurso e a ação em relação à defesa do ensino público e gratuito em todos os níveis e a luta pelo livre acesso à educação, pois somente assim podemos forjar sujeitos conscientes de seu papel na sociedade, que atuem em rede e percebam seu poder de mudança.
Além disso, queremos apoiar e estimular a criação de cursos populares comprometidos com a transformação social e o pensamento crítico, voltado para os alunos formados no ensino público.
Acreditamos que o acesso a uma educação pública e de qualidade permite a inclusão social e isso faz muita diferença num país como o Brasil, rico, mas com gritantes desigualdades sociais e com as piores taxas de distribuição de renda e riqueza no mundo.
Por outro lado, queremos promover e fomentar o diálogo entre universidade e sociedade. A maioria do conhecimento e produto produzidos nas Universidades Públicas é orientada a atender interesses privados de grandes transnacionais e bancos ao invés de ajudar na construção de um projeto popular para o Brasil que atenda interesses da maioria da população. Com a democratização, estaremos promovendo os direitos humanos e a democracia e cidadania popular.
Queremos também capacitar pessoas que por motivos sócio-econômicos não tiveram ou não tem condições de investir numa preparação adequada para ingressar numa universidade. Visando também sua permanência de maneira engajada e crítica, proporcionando o surgimento de cidadãos conscientes nas comunidades e universidades, isto é, não apenas ensinando-os sistematicamente o conteúdo ensejado pelos vestibulares, mas também criticamente, estimulando debates sobre temas atuais.
Orçamento:
Para a execução plena do projeto proposto pensamos no projeto “Adote um estudante” que significa o custeio do aluguel para mantermos as atividades já desenvolvidas e o avança na construção do Cursinho Pré-Vestibular, inclusive porque acreditamos ser seu interesse em nos ajudar a garantir a manutenção destes estudantes carentes, oriundos de escolas públicas em sala de aula:
Estrutura que já temos:
Já temos boa parte da estrutura para a realização do Cursinho Popular Pré-Vestibular:
25 cadeiras universitárias, investimento feito: R$ 2.542,00 (doação)
tela de projeção retrátil para projetor multimídia: R$ 329,00 (doação)
cozinha estruturada (pia, fogão, geladeira): R$ 500,00 (com parte doada)
Videoteca com acervo de 700 títulos diversos
Biblioteca com acervo de mais de 1 mil exemplares
Para mantermos as atividades necessitamos pagar o aluguel de duas salas, com banheiros, no valor de R$ 800,00 e para isso contamos com doações para nosso projeto, sendo sua utilização descrita abaixo:
Sala 1: funciona nossa Biblioteca, Videoteca e a Inclusão Digital, com 6 (seis) computadores em rede;
Sala 2: Sala para as aulas do Cursinho Popular Pré-Vestibular que comporta 25 estudantes;
Portanto, cada estudante precisará de um investimento mensal de R$ 32,00.
Sabemos que para mudar nosso país devemos exigir que o Estado investisse de forma eficiente nossos impostos, mas podemos também, cada qual ajudar com aquilo que conhece e com aquilo que confia.
Justificativa: Agora, eu, eu sei como tudo é: as coisas que acontecem,
é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar,
no sabugo da unha;e com feito tudo é grátis quando
sucede, no reles do momento.
A opinião das outras pessoas vai se escorrendo delas,
sorrateira, e se mescla aos tantos,
mesmo sem a gente saber,
com a maneira da idéia da gente
(Grande Sertão Veredas. Guimarães Rosa)
A implantação de cursos pré-universitários possibilita à juventude um espaço inovador de debates, criação e recriação do saber acerca do mundo e da vida. Pretendemos que cada matéria seja dada de forma interdisciplinar para que o estudante compreenda de forma profunda o porquê do estudar e do aprender. Que priorize a discussão, elaboração e sistematização coletiva e em rede de do conhecimento para que ele possibilite a emancipação.
Os professores serão em sua maioria estudantes universitários. A arregimentação destes professores possibilitará muitas interações positivas: fará com que o conhecimento gerado na educação superior cumpra sua função social, possibilitará espaço de formação docente para àqueles jovens que querem formar-se e seguir carreira docente, estimulará o desenvolvimento social e o espírito crítico destes estudantes e os prepare para uma atuação profissional pautada na cidadania e na participação popular.
Queremos reforçar a função do estudante universitário que assumirá o papel de educador: esta possibilidade de lecionar na periferia para estudantes carentes, possibilitará a ele descobrir-se com sujeito histórico que atua na realidade para ajudar a mudá-la. É um espaço de ação, mas mais do que isso, como dizia Paulo Freire, é um espaço de ensino, mas também de aprendizagem e extensão.
Duros dados de nossa realidade educacional:
É necessário compreender a dimensão do debate sobre educação em nosso país. Para isto reproduziremos alguns dadosi:
Temos 33 milhões de jovens que estudam no ensino fundamental, destes, 90% em escolas publicas. Apenas 8 milhões desses jovens chegam ao Ensino Médio, sendo 87% em escolas publicas, ou seja, estes jovens são apenas 44% do total que deveriam estudar no Ensino Médio;
Sobre o Ensino Universitário temos os seguintes dados:
a) total de estudantes: 4.627 milhões de jovens estão matriculados no ensino superior, o que representa apenas 12% dos jovens deste país - entre 18 e 24 anos há 24 milhões de jovens brasileiros. Jovens universitários na faixa etária de 18-24 anos são 2, 9 milhões. Já temos mais de 100 mil estudantes universitários com mais de 40 anos;
b) a taxa de escolarização no nível universitário baixa para 8% dos jovens no norte e nordeste. No sul e sudeste sobe para 17%;
c) PROUNI: todo ano cerca de 3 milhões de jovens do Ensino Médio fazem o exame ENEM sonhando entrar no PROUNI. Em quatro anos de programa (2003-2006), foi garantido 400 mil vagas em escolas particulares para jovens pobres;
Já sobre a característica das instituições, apenas 30% das vagas são em universidades públicas - sendo 140 universidades e centros de ensino federais - e 70% do ensino superior é privado. Ao analisarmos os dados por unidade de ensino privado, 89% delas trabalham com a definição “com fins lucrativos”. Destas Instituições, 75% são unidades isoladas, portanto faculdades e não universidades. Para piorar, estas estão localizadas nas regiões sul e sudeste, com a maior renda de nosso país.
Sobre a capacidade de atendimento destas unidades, cerca de 70% de todas as vagas de estudantes universitários do Brasil se concentram em instituições com até 1.000 estudantes. E apenas 5% das instituições têm mais de 10 mil alunos.
Quando analisamos em que período está o estudante fica evidente quantos já são obrigados a trabalhar, portanto não conseguem dedicar-se exclusivamente ao estudo: há cerca de 1,8 milhões de estudantes em períodos diurnos, sendo a maioria estão Instituições Publicas. Outros 2,8 milhões de estudantes estão em cursos noturnos, sendo que 2,4 milhões nas Instituições Particulares.
Ao compararmos os estudantes provenientes do Ensino Médio Público e alguns cursos de Faculdades Publicas, temos 87% dos estudantes que fazem Ensino Médio nas escolas públicas, mas apenas 8% entram em Medicina, 19% em Odontologia e 25% em Veterinária.
Quando verificamos o número de professores no Brasil, percebemos que há 354 mil professores com formação adequada aos cursos e grau de ensino que ministram aulas. Há uma demanda de 750 mil professores para atender as necessidades atuais de ensino, portanto, hoje, já temos um déficit de 396 mil professores a serem preparados adequadamente.
Com falta de investimento por falta dos governos, professores mal pagos, salas de aulas deterioradas ou inexistentes em alguns municípios, salas de aulas lotadas – algumas chegam a comportar 50 estudantes - professores sem condições de atualizarem-se, encontramos estudantes que chegam na 8ª série do Ensino Fundamental que mal conseguem ler ou escrever um texto com 2 parágrafos ou resolver as quatro operações básicas. Ou inda estudantes que concluem o Ensino Médio que nem querem prestar vestibular, sentindo-se incapazes de passar nele.
Com estes dados sobre a situação do Ensino Público brasileiro constatamos que o mesmo encontra-se na UTI. Acreditamos que devemos lutar para melhorar como um todo o ensino público de nosso país, até lá vemos nos Cursinhos Populares um paliativo, uma oportunidade de garantir condições aos estudantes provenientes do ensino público, mínimas possibilidades de prestar e passar nos vestibulares, principalmente nas Universidades Públicas.
10 - Grade Horária: Horário | Sábado | Domingo |
8h00 as 9h00 | Plantão de dúvidas |
|
9h00 as 9h45 | Aula 1 | Redação |
9h45 as 10h30 | Aula 2 | Redação |
10h30 as 10h40 | Intervalo | Redação |
10h40 as 11h25 | Aula3 | Redação |
11h25 as 12h10 | Aula4 | Redação |
12h10 as 13h10 | Almoço |
|
13h10 as 13h55 | Aula 5 |
|
13h55 as 14h40 | Aula 6 |
|
14h40 as 14h50 | Intervalo |
|
14h50 as 15h35 | Aula 7 |
|
15h35 as 16h20 | Aula 8 |
|
Bibliografia:
i Dados do MEC sobre a educação no Brasil, ano 2006, proferidos no debate sobre a constituição da Universidade Federal da Fronteira Sul, em março de 2009;